Existem histórias que não precisam de palavras — contam-se com cheiros, texturas e memórias. A história do pão tradicional é uma delas.
Não começa no forno, nem na padaria. Começa na terra, com um punhado de sementes e termina à mesa, com um pedaço de pão ainda morno nas mãos. Entre uma ponta e a outra, decorrem meses, passam gestos antigos, e passa-se o tempo necessário.
Num campo tranquilo, ainda húmido pela geada da manhã, alguém caminha com as mãos cheias de futuro. O outono chegou e é altura de semear.
Meses passaram. O trigo cresceu, ondula com o vento, dourado e maduro. É altura de colher. O grão separa-se da palha, seca-se ao sol e limpa-se ao vento.
O grão limpo viaja até ao moinho. As mós trituram o grão com cuidado, libertando aromas quentes. Nasce a farinha. Integral. Rica. Natural.
O padeiro mede os ingredientes com o olhar. Mistura farinha, água e sal. Amassa com as mãos, tapa com um pano e deixa repousar. A massa cresce.
A massa moldada entra no forno de lenha. A crosta estala. O miolo sobe. O pão ganha vida. E a padaria enche-se de calor e memória.
Agora está pronto. Quente, dourado, estaladiço. É ligação entre gerações, entre o campo e a cidade. E assim, o ciclo recomeça.
Cada gesto, cada técnica e cada receita transmitida é um elo na corrente que liga o passado ao futuro da panificação portuguesa.
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